No Monte Branco - mais
Com 70 anos de idade (!), o Padre Dehon no Monte Branco, perto de Chamonix; cerca de 9 de agosto de 1912. O mesmo Padre Dehon que, ao entrar nos setenta, manifestara ao seu director espiritual, o Padre Freyd, a convicção de que a morte andava perto; o mesmo de quem o povo dizia, quando celebrou a primeira missa em La Capelle, que não haveria de celebrar muitas outras; o Padre Dehon que, sofrendo vários problemas e enfermidades, vai dizendo nas NHV, quase todos os anos, a partir do 60º aniversário, que chegou ao fim dos seus dias. Pois é este mesmo Padre Dehon que, aos 69 anos, encontramos nos Alpes, no cimo mais alto da Europa.
É um tema, este das doenças e da vitalidade do Padre Dehon, que ainda não foi suficientemente abordado.
Voltemos à fotografia. Ao pé do Padre Dehon, está o Padre Adriano (Joannes a Coenaculo) Guillaume, com quem o Padre Dehon muito contava no governo da Congregação, mas que virá a falecer já em 1915, com apenas 29 anos de idade, quando era superior da casa de formação de Lovánio.
“Era muito dotado, muito culto, muito virtuoso. Contava muito com ele. Foi um dos que melhor me entenderam, dos que poderiam manter a obra no espírito que queria infundir-lhe. Deus tirou-mo, fiat! ” (NQT XXXVIII/1915, 58).
Em agosto de 1912, Dehon passa as suas férias com o Padre Guillaume. Andava este de saúde abalada com os muitos problemas da comunidade de Lovánio; parecia não ser o homem certo no lugar certo.
A frase que abre a descrição destas férias revela-nos o Dehon bem conhecido:
“Agosto. Algumas peregrinações com o P. Guillaume. São as melhores férias; fazem bem à alma e ao corpo” (NQT XXXIV/1912, 108).
A fotografia foi tirada por volta do 9 de agosto:
“Tarde de 9 Agosto em Chamonix. A imensidade da natureza fala-nos de Deus como a arte cristã e as memórias dos Santos. Os Bossons! O Monte Branco! O ‘Mer de Glace’!. O tempo era bastante claro. Os Bossons descem do Monte Branco como uma cascata de gelo. São sem dúvida os maiores glaciares da Europa. Subo ao ‘Mer de Glace’ de teleférico. Em 1864 subi-o num mulo com meu irmão. Já lá vão quase 50 anos” (NQT XXXIV/1912, 120s).
Dehon visitara a Suíça pela primeira vez, em 1864, na companhia do irmão Henrique e da cunhada Laura, em viagem de lua-de-mel. Há-de voltar mais vezes aos Alpes, ou a caminho de Roma ou em gozo de férias (como em 1912) ou em tratamento (1903).