Áustria 1942
“Estou nas mãos de Deus. Um sacerdote católico deve sempre sentir orgulho em poder carregar a cruz do seu mestre. Meu consolo está na oração e na união com Deus e em teu amor por mim” (carta do P. Stoffels, do campo de concentração de Dachau à sua irmã, 3.5.1942)
O P. Joseph Benedikt Stoffels (*13.01.1885, em Itzig, Luxemburgo) e o P. Nicolas Antonius Wampach (*03.11.1919, em Bilsdorf, Luxembugo), ambos dehonianos, trabalhavam na missão luxemburguesa em Paris, sediada na Igreja de São José Operário. O P. Stoffels pode ser considerado o fundador desta missão, de modo que, em 1938, ele recebe a ajuda do P. Wampach.
O P.Bothe escreve a respeito deles:
“Em 1940, quando os alemães invadiram o Luxemburgo e muita gente fugia para Paris, os padres dehonianos passaram a prestar amparo a este prófugos e ajudaram muitos a voltar para Luxemburgo. Um jornal da época escreve: trata-se de um trabalho meramente caritativo. A Gestapo viu nisso uma rede de espionagem. Depois de muitos interrogatórios, os dois padres foram presos a 7 de março de 1941 e foram primeiro mandados para o campo de concentração de Buchenwald, e depois para Dachau”.
Oficialmente morreram devido a doença: bronquite, angina... As cinzas do P. Stoffels foram mandadas aos seus parentes. Nestes casos os funerais deviam ser feitos sob a vigilância da Gestapo, sem a participação da comunidade paroquial, quase clandestinamente, o qual aconteceu a 31 de agosto de 1942.
“Somente após 40 anos soube-se que os dois padres tinham sido levados para o castelo de Hartheim, na Áustria, junto com outros dois padres luxemburgueses. O castelo fica perto de Linz, a 260 km de Dachau. Dispunha de uma câmara de gás para diversas experiências. As vítimas eram convidadas a despirem-se, depois eram levadas para debaixo de um duche e morriam com o gás que saía dos mesmos duches”. (Bothe, 21)
O castelo de Hartheim integrava o programa nazista de eutanásia. Naquele lugar, doentes e deficientes foram submetidos às mais diversas e cruéis experiências antes de morrer asfixiados pelo gás. P. Stoffels, que sofria do pulmão, foi transferido como inválido a Hartheim. Mais tarde as câmaras serviram para experimentar os diferentes gases asfixiantes.
O P. Stofels foi assassinado numa das câmaras de gás a 25.05.1942 e o P. Wampach a 12.08.1942.
Na Igreja de S. José Operário, aos cuidados dos dehonianos até 1990, um monumento lembra os mártires:
“Em memória eterna..... Aqueles que sofreram e morreram pela fé, pela pátria, pela justiça e pela liberdade jamais serão esquecidos”.