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Martin Bormann escreveu nos anos 30: "O nacionalismo e o cristianismo não combinam. O único a influenciar o povo deve ser o Führer e tudo o que não contrubui a isso deve ser abolido". O combate à religião na Alemanha daquela época teve várias facetas: a supressão do partido católico, das associações de jovens, da imprensa católica, a intimidação, prisões arbitrárias.
Muitos religiosos acabaram por ser o alvo dos nazistas. Em 1935 teve início uma série de processos contra religiosos, acusados genericamente de violar a lei ou de cometer abusos sexuais.
Desde 1920, o governo controlava a entrada de divisas estrangeiras. Isto acabou sendo um mecanismo para atingir as ordens religiosas. Muitas casas tinham sido construídas com crédito provindo do exterior. Por exemplo a casa de Sittard, localizada na Holanda, de propriedade alemã, dependia de fundos provenientes da Alemanha. Além do mais, as missões estavam na mesma condição. Em 1935 a nova legislação praticamente decretou a falência dos dehonianos na Alemanha.
O Pe. Franz Loh, provincial de 1932 a 1936, procurou fazer chegar dinheiro a Sittard de modo clandestino. Teve que enfrentar um dilema de consciência, embora contasse com o apoio de todos os confrades. Quando D. Philippe foi a Sittard ordenar os confrades alemães, chegou a notícia de que a Gestapo tinha descoberto a operação através de um confrade alemão que entregara o ouro. Desta forma, diversos alemães nem sequer voltaram para a Alemanha, ficando na Holanda.
Em abril de 1936 começou o processo em Krefeld. Alguns dehonianos acusados, já estavam na cadeia. Outros, entre os quais o P. Loh, estavam em fuga. Ao todo, 13 dehonianos foram processados, condenados à prisão e a multas. O P. Loh foi condenado a 4 anos de trabalhos forçados e a uma multa de 500.000 marcos. Mais tarde, o P. Loh foi viver para o Luxemburgo. Com o início da guerra refugiou-se num convento de freiras. Os nazistas, tendo invadido o país, descobriram-no e ele foi levado para Dusseldorf.
“Foi humilhante para ele ser vigiado por soldados. Toda esta situação, aliada à sua doença de diabetes, não lhe permitiram sobreviver por muito tempo na cadeia. Poucos dias antes da sua morte, os seus confrades conseguiram descobrir onde ele se encontrava detido e ficaram a saber das suas precárias condições... O P. Loh morreu a 20 de março de 1941e o seu corpo foi entregue aos confrades. Foi sepultado vestido de vermelho, como fosse um mártir, com uma comparência de muitos confrades. Dois agentes da Gestapo vigiavam de perto a cerimônia. A atmosfera do momento era deprimente. O P. Loh tinha dito aos confrades, na breve visita que lhe fizeram, que ele oferecia sua vida pelo futuro da Congregação na Alemanha. Ele nutria um grande amor ao Instituto.” (Bothe, Dehoniana 2000/3)
Em 1961 o tribunal de Krefeld reabilitou todos os sacerdotes do Coração de Jesus e anulou as sentenças proferidas. |
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