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Unidos a Cristo no seu amor e na sua oblação ao Pai
16 Chamados a servir a Igreja na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, a nossa resposta supõe uma vida espiritual: uma abordagem comum do mistério de Cristo, sob a acção do Espírito, e uma especial atenção ao que, na inesgotável riqueza desse mistério, corresponde à experiência do Padre Dehon e dos primeiros membros da Congregação.
17 Discípulos do Padre Dehon, queremos fazer da nossa união com Cristo, no seu amor pelo Pai e pelos homens, o princípio e o centro da nossa vida.
Meditamos com predilecção nestas palavras do Senhor:
"Permanecei em Mim, como Eu permaneço em vós: como a vara não pode dar fruto por si mesma, se não permanecer na videira, assim acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim" (Jo 15,4).
Fiéis à escuta da Palavra, e à fracção do Pão, somos chamados a descobrir, cada vez mais, a Pessoa de Cristo e o mistério do seu Coração e a anunciar o seu amor que excede todo o conhecimento.
"Cristo habite pela fé, nos vossos corações de sorte que, enraizados e fundados no amor, possais compreender, com todos os Santos, qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer, enfim, o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para serdes repletos da plenitude de Deus" (Ef 3,17-19).
18 É também na disponibilidade e no amor para com todos, especialmente para com os pequenos e os que sofrem, que viveremos a nossa união a Cristo.
Como poderíamos, efectivamente, compreender o amor que Cristo nos tem, senão amando como Ele em obras e em verdade?
Neste amor de Cristo encontramos a certeza de alcançar a fraternidade humana e a força de lutar por ela.
19 Segundo o seu desígnio de amor, concebido antes da criação do mundo (cf. Ef 1,3-14), o Pai enviou-nos o seu Filho: "Ele O entregou por todos nós" (Rom 8,32). Pela ressurreição, constituiu-O Senhor, Coração da humanidade e do mundo, esperança de salvação para quantos ouvem a sua voz.
"Apesar de Filho de Deus, aprendeu a obedecer, sofrendo, e, uma vez atingida a perfeição, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem fonte de salvação eterna" (Heb 5,8-9).
20 Cristo realiza esta salvação, suscitando nos corações, o amor para com o Pai e entre nós: amor que regenera, fonte de crescimento para as pessoas e para as comunidades humanas e que encontrará a sua plena manifestação, quando tudo for recapitulado em Cristo.
21 Com S. João, vemos no Lado aberto do Crucificado o sinal do amor que, na doação total de Si mesmo, recria o homem segundo Deus.
Contemplando o Coração de Cristo, símbolo privilegiado desse amor, somos fortalecidos na nossa vocação. Com efeito, somos chamados a inserir-nos nesse movimento de amor redentor, doando-nos aos irmãos, com e como Cristo.
"Nisto conhecemos o amor: Ele deu a vida por nós. Também nós devemos dar a vida pelos irmãos" (1 Jo 3,16).
22 Implicados no pecado, mas participantes na graça redentora, pela realização de todas as nossas tarefas, queremos unir-nos a Cristo presente na vida do mundo e, em solidariedade com Ele e com toda a humanidade e a criação inteira, oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e agradável (cf. Rom 12,1).
"Caminhai no amor segundo o exemplo de Cristo que nos amou e Se entregou por nós a Deus, como oferenda e sacrifício de agradável odor" (Ef 5,2).
23 É assim que entendemos a reparação: como acolhimento do Espírito (cf. 1 Tess 4,8), como resposta ao amor de Cristo por nós, comunhão no seu amor pelo Pai e cooperação com a sua obra redentora no coração do mundo.
É aí, de facto, que hoje Cristo liberta os homens do pecado e restaura a união da humanidade. E é também aí que Ele nos chama a viver a nossa vocação reparadora, como estímulo do nosso apostolado (cf. GS 38).
24 A vida reparadora será, por vezes, vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo.
"Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja" (Col 1,24).
25 Animando, assim, tudo o que somos, fazemos e sofremos pelo serviço do Evangelho, o nosso amor, pela participação na obra de reconciliação, cura a humanidade, reúne-a no Corpo de Cristo e consagra-a para Glória e Alegria de Deus. |
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